terça-feira, 28 de abril de 2009

Castro Alves - As duas flores





São duas flores unidas
São duas rosas nascidas
Talvez do mesmo arrebol,
Vivendo, no mesmo galho,
Da mesma gota de orvalho,
Do mesmo raio de sol.

Unidas, bem como as penas
das duas asas pequenas
De um passarinho do céu...
Como um casal de rolinhas,
Como a tribo de andorinhas
Da tarde no frouxo véu.

Unidas, bem como os prantos,
Que em parelha descem tantos
Das profundezas do olhar...
Como o suspiro e o desgosto,
Como as covinhas do rosto,
Como as estrelas do mar.

Unidas... Ai quem pudera
Numa eterna primavera
Viver, qual vive esta flor.
Juntar as rosas da vida
Na rama verde e florida,
Na verde rama do amor!


Castro Alves

Um comentário:

  1. Internet é engraçado: agente entra num blog, nele descobre outro e no outro mais um e de repente acaba encontrando o que não procurava, entrando sem bater em algo que é, pradoxalmente, íntimo e público.
    Vim parar aqui já nem sei mais como e rencontrei esse poema. Lia muito, muito mesmo na época do ginásio, mas nem lembrava mais. Engraçado quando agente se reencontra no blog dos outros!

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